Ao Meu Livro Vae, Filho, J' Tens Idade, J' Ficaste Emancipado; Precisas Correr O Mundo, Saber De Tudo Um Bocado. Vae, Filho, Mas S' Prudente, Ouve Os Conselhos De Gente Que Puder Te Aconselhar; S' Modesto E Delicado... Em Fallar Pouco E Acertado Ha Sempre Muito A Ganhar. Se Alguma Gloria Colheres, N'O Te Ufanes Sem Raz'O: 'S Vezes Ouve-Se Um Tolo Por M'Ra Contempla''O. Escuta Os Indifferentes. Os Amigos E Os Parentes N'O Dizem Toda A Verdade. Agora, No Teu Caminho, N'O Te Basta O Meu Carinho Nem Toda A Minha Amizade. Se Ouvires Phrases Sensatas, Presta-Lhes Toda A Atten''O; A Tolos N'O D'S Ouvidos Nem Provoques Discuss'O. Respeita As Cren'As Alheias; Mas Guarda As Tuas Id'As E Corrige Os Teus Defeitos. Na Escola Da Sociedade, Estuda, Aprende A Verdade Nas Phrases De Seus Eleitos. Vae, Filho, Deus Te Acompanhe. Das Letras No Vasto Mundo Bem Poucos B'Iam ' T'Na, Grande Parte Vai Ao Fundo. Ai! Neste Momento Extremo ' Por Ti, Filho, Que Eu Tremo! Attende Aos Conselhos Meus... J' S'O Horas Da Partida; Comtigo Vae Minha Vida, Mas Parte... Vae... Filho, Adeus. Canto Primeiro I Ha Quem Diga Que A Franceza ' A Mulher Por Excellencia; Mil Outros D'O Preferencia Aos Requebros Da Hespanhola: Dizem Que Ella Prende E Mata Quando A Melena Desata E No Fandango Arrebata Ao Trinar Da Castanhola. As Bellas Filhas Da Italia Tem Milh'Es De Adoradores, L' Na Patria Dos Amores Quem D' Leis ' O Cora''O. ' Tudo Vida, Alegria, Feixes De Luz, De Harmonia, Ondula Em Torno A Poesia Nesse Mar Da Inspira''O. Eu Acho A Todas Bonitas Quando De Veras O S'O, Quer Sejam Do Indost'O, D'Allemanha, Italia Ou Fran'A; Mas P'Ra Mim A Brazileira D'Entre Todas ' A Primeira: ' Gentil, ' Feiticeira Como Um Sorrir De Crean'A. As Outras Guardam Comsigo Da Velha Europa A Imponencia; Estas N'O, Tem A Innocencia, Tem O Perfume Das Fl'res; Captivam Pelos Encantos Ingenuos Puros E Santos, E S'O, Meu Deus, Taes E Tantos, Que Fazem Morrer De Amores! Quem P'De Escutar-Lhe As Fallas Quando A Tremer De Receio, Baixando Os Olhos No Enleio Em Que A Prende O Cora''O, Ella Diz Corando E Rindo: 'Do Meu Ceu De Amor Inflado, Tu 'S O Astro Mais Lindo Da Maior Constella''O!'? Quem P'De Conter No Peito O Travesso Cora''O? Quem N'O Sujeita A Raz'O Ao Dominio Dessas Fallas? Quem N'O Se Abraza Nos Lumes Da Mulher Que Tem Perfumes, De Que As Rosas Tem Ciumes Se V'O Se Encontrar Nas Salas? .............................. Ii Meu Leitor, Deixa A Cidade E Vem Comigo Que Eu Quero Te Mostrar Um Quadro Bello; Vem ' Ro'A Onde O Amor ' Mais Sublime, E Tudo Quanto ' Grande Mais Singelo. Eu Prefiro 'S Harmonias De Uma Orchestra, Aos Encantos Que Doudejam Nos Sal'Es, A Cantiga Do Tropeiro Descuidoso, Ou As Trovas Amorosas Dos Sert'Es. Ha Naquelles Improvisos Mal Rimados, E Naquella Inspira''O De Cada Instante, A Belleza Original Que Parte D'Alma Sem Arte, Mas Com Fogo Delirante. ................................. Iii Elle Era Um Mo'O Bonito Como Na C'Rte N'O Ha, Tinha Os Olhos E Os Cabellos Da C'R Do Jacarand'. Um Porte Airoso, Engra'Ado, Rapag'O Desempenado De Metter Inveja A Cem! Se Na Estrada Elle Passava, A Mo'A Que O Espiava Lhe Ficava Querendo Bem. Mas Elle Guardava Firme No Fundo Do Cora''O Pela Bella Margarida A Mais Ardente Paix'O. E As Mo'As Da Visinhan'A Ao Verem Sua Esquivan'A 'S Festas, Se Ella N'O Ia, Diziam De Enciumadas: '--Pedro Est' De Azas Quebradas; Pobre Mo'O! Quem Diria?! '--E Tem S' Vinte E Tres Annos E Alguma Cousa De Seu! Vejam S' O Que ' Fortuna; T'O Feliz Nunca Fui Eu! --E Dizem Que Casa Breve? --Eu N'O Sei, Mas Elle Deve Casar-Se P'Ra O Fim Do Anno. --Que Lhe Fa'A Bom Proveito... --E O Velho Est' Satisfeito? --Pudera N'O! Bem Ufano!' Tal Eram Os Commentarios Que Em Toda A Parte Faziam As Mo'As Da Visinhan'A, Que Em Festas Se Reuniam; Mas Elle, Surdo Aos Rumores Que Faziam Seus Amores Nas Discuss'Es Femenis, Nada Via Al'M Do Encanto D'Aquelle Amor Puro E Santo, D'Aquelles Olhos Gentis. Mas Quem Era A Linda Mo'A A Quem Pedro Tanto Amava? Quem Era A Virgem Formosa Que Elle Assim Idolatrava? Era Rica Ou Pobresinha? Tinha-Lhe Amor Ou N'O Tinha? N'O ' O Que Queres Saber? L' Vamos, Leitor Querido, Satisfazer Teu Pedido, J' Tudo Vamos Dizer. Iv Ella Tinha Quinze Annos; Era Um Anjo De Gra'A, Candidez E De Bondade, E Aquelle Cora''O De Meiga Pomba Amava Como Se Ama Nessa Idade. A Todos Occultava Aquelle Affecto Que Su'Alma Marchetava De Illus'Es; Dos Sonhos C'R De Rosa Que Ella Tinha Quem Pode Descrever As Emo''Es? De Manh' Apoz A Prece Fervorosa, Fictados Nos Do Christo Os Olhos Bellos, Regava O Seu Canteiro, E De Violetas Um Raminho Prendia Entre Os Cabellos. 'Tomava O Seu Balaio De Costura, Tirava Linha, Agulhas E Dedal, E Sentava-Se A Coser O Dia Inteiro ' Sombra Da Mangueira Do Quintal. 'S Vezes Descuidando Seu Trabalho, Parada Co'O Olhar Ficto Na Estrada, No Mar Da Phantasia, Como Um Cysne, Boiava Da Corrente ' Fl'R Levada. V Tal Era A Mimosa Filha Do Velho Sim'O Da Cruz; De Sua Velhice O Arrimo, Alegria, Vida E Luz. Revia No Rosto Della A Companheira Extremosa, Que Lhe Deixara, Murchando, O Rebent'O De Outra Rosa. Vio-A Crescer Sob Os Olhos; Estudou-Lhe O Cora''O, E Lia Nelle Os Mysterios D'Aquella Ardente Paix'O. Um Dia Toma-Lhe O Bra'O, Fal-A Sentar A Seu Lado, E Diz-Lhe Rindo O Bom Velho: 'J' Tens Algum Namorado?' Enrubece, Treme, Ensaia Dizer Uma Phrase, Em V'O! Repete O Velho A Pergunta, E Ella Responde '--N'O... --N'O Mintas, Filha! N'O Sabes Que ' Um Peccado Mentir? --Perd'O Meu Pai!--N'O Perd'O A Quem Me Busca Illudir.' Dos Bellos Olhos Da Mo'A O Pranto Desce A Torrentes, Cujas Bagas V'O No Seio Embeber-Se Encandescentes. O Velho, Ameigando A Falla, Apoz Miral-A Um Instante, Lhe Torna: '--Vamos! N'O Chores! N'O ' Pedro O Teu Amante? 'Bom Rapaz! ' De Meu Gosto... J' Fallou-Te Em Casamento? E Tu Disseste Que Sim, Sem O Meu Consentimento?! Como Os Filhos S'O Ingratos! Este Mundo Como Vae! Quem De Uma Filha Os Segredos Guardar' Melhor Que Um Pai? 'Mas Vamos L'! Estou Por Tudo; Disseste Que Sim? Est' Dito!... Fizeste Mal Em Negal-O; Isto Assim N'O ' Bonito. N'O Chores, D'-Me Um Abra'O! Ser' Pedro O Teu Marido; ' Justo, Se O Amas Tanto... Se Foi O Teu Preferido... Vi Estamos Em Junho, No Mez Das Fogueiras, Do Riso, Das Festas, Das Sortes, Do Amor, Das Cannas Assadas, Car'S E Batatas, Dos Jogos De Prendas, Do Fogo Em Redor. Quem P'De Na Ro'A Ficar, Pregui'Oso, Dormindo Na R'De, Sem Ir Ao Pagode? Se As Mo'As Bonitas L' Est'O Feiticeiras Cantando E Sorrindo, Fugir-Lhes Quem P'De? Vii Na Fazenda Do Tymbira Era Velha A Devo''O De Fazer-Se Grande Festa Em Dias De S. Jo'O. O Velho Joaquim Medeiros, Que Era A Fl'R Dos Fazendeiros D'Aquella Localidade, Esfregava As M'Os Contente Quando Via Em Casa Gente A Que O Prendia A Amizade. D. Olympia, Sua Esposa; M'I Dos Pobres Do Logar, Tres Dias Antes Da Festa N'O Parava A Trabalhar. Mandava As Suas Mucamas Dos Quartos Fazer As Camas, Espanar Tudo E Varrer, E, Doceira De Bom Gosto, L' Estava Firme No Posto, Fazendo O Tacho Ferver. Fazia Doce De C'Co, Laranja, Cidra, Lim'O, Bom-Bocado, Arroz De Leite, Bolinhos De S. Jo'O, Pamonha, Cus-Cus De Milho, Manou', Biju, Sequilho, Biscoutinhos De Araruta, Tar'Cos, Baba-De-Mo'A, E, Mil Doces Que Na Ro'A Se Fazem De Toda A Fructa. No Terreiro Da Fazenda Preparava-Se A Fogueira, E O Mastro Todo Enfeitado De Folhagens De Mangueira; E Dentre As Folhas Escuras Sahiam Fructas Maduras, Como ' O Costume Geral, E Uma Boneca Vistosa De Vestido C'R De Rosa, Fazia O T'Pe Final. No Campo Desde A Porteira De Verde Murta Vestida, Duas Linhas De Coqueiros Vem A Porta Da Saida. De Um Lado A Outro Correndo, Dirigindo Ou Desfazendo O Que N'O Estava Direito, Andava O Rei Dos Festeiros O Nosso Velho Medeiros Sempre Alegre E Satisfeito. '--Vamos Com Isso, Rapazes, Que Temos Mais Que Fazer E D'Aqui Por Uma Hora Ninguem Se P'De Mecher. Joaquina E Manuela, Voc'S V'O L' P'Ra Capella Capinar Ali Na Frente. Ol', Moleque, ' Vadio! Chega Ali Embaixo No Rio, V' Se Vem Alguma Gente. 'Vicente, Traze As Bandeiras, Vai Tu Com Elle, Francisco; Manuel, Varre P'Ra Um Canto E Apanha Depois O Cisco. N'O Quero Ver Uma Palha!... Veja Depois Como Espalha Essas Folhas De Mangueira!... ' Job, Pergunta ' Sinh' Se J' Tem Caf' Por L', Que Mande Aqui Na Porteira.' Viii Se Eu Soubesse Descriptiva Dava Aqui Em Perspectiva A Fazenda Toda Inteira! Tomava Tinta E Pincel E Sobre Plano-Painel Transportava... Mas ' Asneira... Eu N'O Pesco Nem Pitada Dessa Insulsa Trapalhada, De Linhas, Pontos E Tra'Os; Mas Tambem N'O Me Entriste'O, ' Sciencia Que Aborre'O, Cansa A Cabe'A E Os Bra'Os. E Na Falta De Sciencia, Eu Pe'O Condescendencia P'Ra O Tra'Ado Que Vou Dar; ' Obra De Um Curioso... Meu Leitor, Sei Que 'S Bondoso, N'O O Queiras Censurar. Ix O Todo Se Emmuldura Em Matto Virgem; Arbustos Mil Em Fl'R D'O-Lhe A Fragancia, E O Fundo Do Painel ' Verde-Escuro Da C'R De Um Cafesal Visto ' Distancia. Por Entre As Pedras Soltas De Seu Leito, O Rio Serpenteia Murmurando. De Um Lado A Horta, O Engenho, Alguns Pomares, Do Outro, Os Animaes Que Est'O Pastando. Aqui O Mandiocal N'Um Morro Enorme, Naquelles ' Direita, ' O Cafesal; Ha Uma Socca De Arroz Junto Do Brejo E Da Cerca P'Ra L', O Cannavial. No Centro, N'Uma Dobra Do Terreno, A Casa Que ' Voltada P'Ra O Nascente; Precede-Lhe O Jardim, Primor De Gosto Que A Abra'A Pela Esquerda E Pela Frente. Ao Fundo Em Duas Ruas Parallelas A Casa Da Farinha, A Do Feitor, Pai'Es, Estrebarias E Senzallas, O Tanque, O Gallinheiro, E Corador. Olhando P'Ra Direita V'-Se A Escada Que Tem De Cada Lado Uma Mangueira, O Campo E O Caminho Em Linha Recta, Que Da Casa Vae Parar Junto ' Porteira. Concebe O Quadro L' Como Puderes! Eu Dou-Te Aqui Apenas Um Bosquejo, Querel-O Completar F'Ra Loucura, Se Bem Que Fosse Grande O Meu Desejo. L' Chega O Rancho Enorme E Folgas'O Que Vem P'Ra Festejar O S. Jo'O. De Quatro Leguas Em Roda, Toda Aquella Visinhan'A Veio Assistir ' Festan'A Da Noite De S. Jo'O. O Povo Da Freguezia Quazi Todo Nesse Dia, Ia Como Em Romaria Pandegar Por Devo''O. Como ' Uso Admittido, A Pess'A Convidada Leva Roupa Preparada Para Quatro Ou Cinco Dias!... L' Na Ro'A A Moda ' Esta; Qualquer Pagode, N'O Presta Sem A Semana De Festa, De Intermin'Veis Folias! Subindo E Descendo Morros, N'Um Carro Por Bois Puchado, N'Um Tunel Improvisado De Arcos E De Uma Esteira, De Uma Fazenda Visinha A Passo Lento Caminha A Familia Que Se Aninha N'Essa Amavel Capoeira. Atraz Os Negros Da Casa T'O Carregando Os Bahus, Sem Camisa, Quazi N'S, E Alagados De Suor; Ao Lado Caminha A Passo, N'Um Lindo Macho Pica'O, O Fazendeiro Rica'O Que Vae Morto De Calor. Os Filhos V'O A Cavallo. Na Frente Caminha O Pagem, Que Sem Esse Personagem Na Ro'A N'O Se ' Ninguem! ' Um Negro De Confian'A Em Quem O Senhor Descan'A, Que Exerce Desde Crian'A O Cargo Honroso Que Tem. Usa Jaqueta De Vivos, Chapeo Baixo De Oleado, Topete Bem Penteado, Canos De Bota E Chilenas; ' O Mensageiro De Amores Dos Filhos De Seus Senhores; Leva Cartinhas E Fl'res Para Entregar 'S Pequenas. O Pagem Da Ro'A ' Um Typo De Serio E Acurado Estudo, Sabe Um Bocado De Tudo Quanto Se Deve Saber. ' Ferrador, ' Selleiro, Carapina E Corrieiro, ' Pe'O E No Terreiro Requebra Um Fado A Valer. Aqui Um Rancho De Mo'As Vae A P', Moram T'O Perto!... S'O Duas Leguas, ' Certo, Mas Diz-Se Na Ro'A:--' Ali. E Por Toda Aquella Estrada V'-Se Gente A P', Montada, E Outra Que J' Can'Ada Bebe ' Sombra Paraty. ................................... ................................... ................................... X Terminou-Se O Jantar, ' Noite Escura; Com Fachos De Sap' Ligeiros Correm Os Mo'Os Dando Vivas. Accende-Se A Fogueira E Em Torno A Ella V'O Sentar-Se Alegres, Descuidosos, Os Grupos De Convivas. Aqui Tomam Garapa Em Lisas Cuias, Os Velhos, Que Disputam Seriamente 'Cerca De Elei''Es, Ou Fallam Do Caf' Que Est' Sem Pre'O, Nos Gastos Da Lavoura E Poucos Lucros De Suas Transac''Es. Ali As Mo'As Todas Reunidas Dissertam Sobre Amor E Namorados Com Tal Proficiencia, Como Um Lente, Jubilado Na Materia, Derramando Em Qualquer Academia A Luz Da Experiencia. N'O Longe Os Rapazes Formam Grupos: Uns S'O Republicanos Exaltados E Outros Monarchistas; E Outros Sem Partido, Olhando As Mo'As, A Morrer De Amor Por Ellas, Contam Rindo Amores E Conquistas. ' Tudo Anima''O, Prazer E Vida... Aqui Um Bello Dito, Ali Vozes Confusas, Gostosas Gargalhadas; Estouram Buscap'Es, Rebentam Bombas, Foguetes E Bal'Es Erguem-Se Aos Ares No Meio De Apupadas. Xi '--Qual, Compadre, Desta Feita Parece Que Os Liberaes N'O Sobem, N'O, Mas ' O Mesmo... Que Me Diz, Sr. Moraes? '--Eu N'O Sei, Mas Desconfio Que Os Homens N'O Fazem Nada; Pelo Menos L' Na Villa ' Tudo Chapa Cerrada. '--Aposto Cem Contra Dez, Com Quem Quizer Apostar, Em Como Os Conservadores H'O De Ceder O Logar. 'E O Brazil Vae ' Garra Se Os Liberaes N'O Subirem; Que Projectos, Quanta Cousa Se Perde, Se Elles Cahirem! 'Estradas E Mais Estradas, Navega''O Pelos Rios; H'O De Fazer O Diabo Porque Empenharam Seos Brios. '--Ora Adeus, Em Quanto A Brios Os Outros Tambem Os Tem; E Ninguem Lhes Passa A Perna, Porque Fallam Muito Bem. Xii '' Gringo, Salta A Fogueira! ' Guillon, Pula Tambem! Assim, Norberto! Um, Dois, Trez... Sim, Senhor, Foi Muito Bem! '_Seu_ Z' Carlos, Largue A Mo'A! N'O Seja Namorador! J' Temos Nova Conquista? Vem P'Ra Aqui, ' Seductor. 'O Oct'Vio L' Est' N'Um Canto A Scismar _Encalistrado_! Que Tem Elle?--Ora O Que Tem! Anda Muito Apaixonado: 'Dizem Que Elle Foi A Um Samba E De L' Veio Cahido... Mas Espera, Olha O Zamith Como Est' Todo Lambido! 'E O Licurgo? Oh Que Maroto! Desde Que Elle Se Casou Est' Com Ar De Homem Serio, Ficou Bonito, Engordou!... 'Tira Os Car'S Do Rescaldo, Moleque, Traz O Melado! Oh Ladr'O, Anda Ligeiro... Este Sim, Est' Bem Assado '' S' Da Tropa Fandanga! Ninguem Mais Aqui Se Metta! Ezequiel, Tu N'O Comes? Est'S Forjando Alguma P'Ta? Xiii '--Pois Creia, Sinh' Chica, Foi Olhado Botado Na Pequena Com Certeza; Cand'Ca Esteve Assim, Mas Foi Resal-A A Sogra Do Manduca, A Nh' Thereza. 'Foi L' Trez Sextas-Feiras, Em Seguida Benzeu E Deu-Lhe Uns _P'Ses_ P'Ra Tomar; E Hoje, Benza-A Deus, Est' Que ' Um Gosto! S' Vendo ' Que Se Pode Acreditar! '--Pois Olhe, P'Ra Fallar Minha Verdade, J' Tinha Me _Alembrado_ Ser Feiti'O... N'O Podia Sen'O Ser Cousa Feita.. Pelos Modos Que ', S' Se Foi Isso. 'A Menina Tem Uns Flatos Pelas Costas, E Anda Jurur' Que Mette Pena! Coitada! Tem Tomado Mil Mesinhas E Nada De Arribar; Pobre Pequena! '--Quem Sabe, Diz A Tia Marcolina, Que Entende Destas Cousas Como Gente, Quem Sabe Se A Espinhela Tem Caida?! Se For Isso, Ponho-A Boa De Repente. 'A Lua Agora ' Nova... Pouco Importa, Na Sexta-Feira Cedo Mande-A L', Que Com Favor De Deus Tenho Esperan'A Que Volta S' E Salva Para C'.' Xiv Eu N'O Sei Porque ' Que Em Toda A Festa Se Encontra Sempre Um B'Bo, Um Toleir'O, Dizendo Muita Asneira E Se Inculcando Rapaz De Muita Gra'A E Sabich'O! ' Festa De Medeiros Foi Um Typo, A Quem Debalde Eu Busco Descrever; Deix'Ra A C'Rte Onde Era Um _Petit-Maitre_ E ' Ro'A Foi Levar Todo O Saber. Fallava Sempre Em Termos Empollados, Mirava-Se Ao Espelho A Cada Instante; Usava Cita''Es Em Qualquer Lingua, E Tinha O Ar Altivo Do Pedante. Frisada A Cabelleira E Com Pastinhas... Gravata Verde-Mar, O Fraque Azul, As Luvas C'R De Cinza, A Cal'A Branca, Sapatos De Verniz; Eis Meu Taful. Desceu Para O Terreiro, Olhou Em Torno Buscando Achar Um Pobre A Quem Massar, E Eil-O Dentro Em Breve N'Uma Roda, Com Todo O Seu Furor A Disputar. '--Perd'O, Dizia O Typo Enthusiasmado: Eu Sou Republicano, E Como Tal Exijo A Liberdade A Mais Completa, Quer Na Ordem Civil, Quer Na Moral. 'A Lei ' Um Empecilho ' Liberdade, O Que A Dicta Ou A Imp'E ' Um Vil Tyranno Os Povos N'O Precisam De Governo, O Exemplo Est' No Povo Americano! '_To Be Or Not To Be_, Eis Como Eu Penso; Abaixo A Realeza E O Seu Prestigio; O Rei A Quem O Mundo Hoje Se Curva Escreve--Liberdade--Em Gorro Phrigio!' Fallou E Disse Asneiras Muito Tempo At' Que Ficou S', Sem Mais Ninguem! '--Camellos! Disse Elle Em Tom Baixinho, Nem Sabem De Que Ponto A Luz Lhes Vem!' Mas Vendo Ao Longe A Bella Margarida, Exclama O Nosso Her'E: '--Oh! _C'Est Charmant!_ _Mignone_, Vaes Ser Minha, Assim T'O Juro... E Agora Ella Est' S'! _C'Est Bien L'Instant_. E Assim Dizendo Applica O _Pince-Nez_ E Vae Sentar-Se Ao Lado Da Menina. Xv 'Desculpe Vossa Excellencia, Mas Eu Creio Que J' A Vi! --P'De Ser, Responde A Mo'A, Quasi Sempre Eu Venho Aqui...' '--N'O Foi Aqui, Foi Ha Um Anno... Na C'Rte, Se N'O Me Engano, N'Um Baile Que Eu A Encontrei... --Oh! Gentes! Est' Enganado, Se Perguntar P'Ra Que Lado A C'Rte Fica, N'O Sei!' '--Era Ent'O O Seu Retrato Divinamente Imitado... Os Mesmos Olhos Divinos! O Mesmo Rosto Adorado!... '--Oh! Senhor, Parece Incrivel! Deveras Ser' Possivel T'O Pasmosa Semelhan'A?! --Oh! Natura Eterna E Infinda! Nunca Vi Mulher T'O Linda!... --Eu Sou Linda? Que Esperan'A! '--Ent'O N'O Vio Guanabara Da Metrop'Le No Rega'O, Sonhando Loucos Edyllios Co'Os Olhos Fitos No Espa'O?! '--N'O Senhor! Se Eu N'O Conhe'O!' '--Escuta, Diva, Eu Te Pe'O: Sou Talvez Um Sonhador... --Oh! Mo'O, Mal Comparando, Quando O Senhor Est' Fallando Parece-Me Um Pregador!' '--Serei Tudo, ' Casta Diva, Innocente Julieta! Tu'Alma Exhala O Perfume Da Modesta Violeta!... --_U'_! Que Mo'O Engra'Ado! J' Deu-Me O Nome Trocado... Eu Me Chamo Margarida. --Margarida? Oh! Doce Encanto! Teu Nome T'O Puro E Santo Guardarei Al'M Da Vida! 'Escuta, Sylpho Do Empirio, Dos C'Us Aerea Vis'O, N'O Sentes Do Amor As Lavas Que Arroja O Meu Cora''O? Partamos, Al'M Na Selva Sobre Um Tapete De Relva, Pousemos O Floreo Ninho! Partamos, A Noite ' Densa... --' Mo'O, Eu Pe'O Licen'A, Eu Vou Fallar Com Dindinho! '--_Comment Cel'!_ N'O Me Deixes Com Tua Ausencia Obumbrado! Queres Tu Que Um Cenotaphio Erga A Um Amor Desgra'Ado? --Oh! _Seu_ Aquelle, Me Deixa! Sen'O Eu Vou Fazer Queixa A Meu Pai, Largue Meu Bra'O!.. --N'O Partas, Anjo Bemdito... --Eu Sou Grossa P'Ra Palito... --Ao Menos D'-Me Um Abra'O!...' Xvi Tal Como Ao Terminar-Se Da Espoleta O Mixto Que De Um Jacto A Carga Inflamma, E No Rouco Troar Detona A Bomba Cuspindo Os Estilha'Os, Fumo E Chamma, Assim Do Meu Le'O, Na Face N'A, Por M'O Callosa E Firme Manejada, A Bomba Do Ciume Arrebentara E Com Ella Uma Tremenda Bofetada! Zumbiram-Lhe Aos Ouvidos Mil Besouros, Myriades De Estrellas Viu Ent'O; Sahiram-Lhe Faiscas Pelos Olhos, Perdera O Equilibrio, E... Foi Ao Ch'O! De P', Em Frente A Elle Estava Um Homem, Raivoso Como Tigre Olhando A Preza; Nos Olhos Faiscava-Lhe O Ciume, Nos Labios Um Sorrir De Atroz Dureza! ' Pedro, Que No Seu Amor Selvagem N'O P'De Reflectir, Sabe Vingar; Feriam-Lhe De Morte As Cren'As D'Alma, E O Tigre Que ' Ferido Quer Matar. Xvii '--Pedro! Pedro! Ent'O Que ' Isto?! Valha-Me Nossa Senhora! --Margarida, Vae-Te Embora, Tu N'O Me Queiras Perder! --Pelo Que Tens Mais Sagrado, Deixa Esse Mo'O, Coitado! Que Mais Lhe Queres Fazer?!... '--Quero Mostrar A Um Patife Como Se Falla A Uma Mo'A; Elles Pensam Que Na Ro'A ' Como L' Na Cidade?! 'Est'O Enganados Comigo!...' E Com O Joelho No Umbigo Dava-Lhe S'Cco ' Vontade! '--Soccorro! Gritava A Mo'A Quazi Louca De Terror; Meu Pai, Accuda O Senhor, Porque Elles Se V'O Matar!... Meu Pedro, N'O Sejas Louco, Olha, Escuta, Espera Um Pouco; Meu Deus! Quem Ha-De Apartar? '--Sahe-Te D'Aqui Co'Os Diabos! N'O Me Atormente A Cabe'A, Puche J', N'O Me Aborre'A... Voc' Pensa Que Me Emba'A? ' Tambem Teu Namorado? Ha De Amargar Um Bocado, Hei De Tirar-Lhe A Fuma'A... '--Repare Que ' Minha Filha; Escutou, _Seu_ Malcriado? Sou Velho, Estou Alquebrado, Mas Ninguem Me Offende Em V'O! Sei Tolerar N'Essa Idade Loucuras Da Mocidade; Mas Insultal-A, Isso N'O! 'Margarida ' Muito Honesta! N'O ' L' Quem Voc' Pensa!... Acho Bom Que Se Conven'A Que Ella Tem Alguem Por Si! Vem-Te Embora, Minha Filha, O Homem, Que Assim Te Humilha, ' Mais Que Indigno De Ti.' Xviii Chegara Emfim Medeiros E ' Contenda, Poz Termo Com Palavras Convincentes; Do Ch'O Suspende O Pobre Lovelace, Separa Os Dois Mancebos Imprudentes. --Levando Pelo Bra'O O Seu Juquinha, Com Elle Vae P'R'A Sala De Jantar E P'De Ver ' Luz, Banhado Em Sangue, O Triste _Petit-Maitre_ A Solu'Ar! O Rosto Lhe Lavaram Com Cacha'A, Ficando Para Todos Bem Patente, Que Os Bei'Os, O Nariz E O Olho Esquerdo, Mais Gordos Lhe Ficaram De Repente. Depois Tinha Cansa'O, Foi P'Ra Um Quarto Que Dava Uma Janella P'Ra O Jardim, Despio-Se, Tomou Banho, Foi Deitar-Se... Dormio? N'O Sei Dizer, Creio Que Sim. A Festa Terminou Neste Incidente E Cada Um Tratou De Se Ir Deitar: A Lua Ia Bem Alta Al'M No Ceu, E O Gallo Amiudava O Seu Cantar. Xix Dona Olympia Ouve Um Gemido Partir De Seus Aposentos; Chegou-Se ' Porta De Manso Prestando Ouvidos Attentos... Era A Pobre Margarida Que Entre Solu'Os Sem Fim, Co'O Rosto Nas M'Os Occulto, Chorava Dizendo Assim: Xx 'Pelas Chagas De Teu Filho, Pelas D'res Que Soffreu, Pelo Pranto Que Verteste Quando Na Cruz Te Morreu, Valei-Me, Nossa Senhora, Nesta D'R Que Sinto Agora! 'Inda A Pouco Era Ditosa, Tinha Amor, Tinha Esperan'A, De Um Momento De Tristeza N'O Tenho A Menor Lembran'A! Eu Sorria Ao Ver-Me Assim; Meu Sorrir J' Teve Fim... 'De Tudo Quanto J' Tive Que Mais Me Resta? Mais Nada! Quiz Provar-Lhe O Meu Affecto E Fui Vilmente Insultada! Ai, Pedro! Que Me Mataste Quando Assim Me Injuriaste! 'Agora Que Mais Espero? Que Esp'Ran'A Mais Posso Ter? Venha A Morte E Venha Breve, Que Sou Feliz Se Morrer! Que Deus Lhe Pague Em Prazer O Quanto Me Fez Soffrer.' Xxi Dona Olympia Entreabrio De Manso A Porta, E Sem Bulha Chegou-Se Junto A Ella, Tomou-Lhe As M'Os Nas Suas, Vio-Lhe O Pranto, Beijou A Meiga Face Da Donzella... Xxii '--Que ' Isto, Minha Louquinha? Quem ' Que Falla Em Morrer?! Viste Um Espinho Na Vida E J' Te Can'A O Viver! Nas Tuas Suppostas D'res S' Recordas-Te Os Amores, Mas Esqueceste Teu Pai!... Margarida, 'S Muito Ingrata!... Queres Matal-O?... Pois Mata! Vae Pedir A Morte, Vae! 'Ao Pobre E Can'Ado Velho Que Vive Do Teu Carinho, Em Vez De Beijos E Abra'Os, Crava-Lhe N'Alma Um Espinho! Arrufos De Um Namorado Valem Mais Que Um Velho Honrado?! Pensas Bem, Minha Afilhada!.. Vaes Morrer? N'O Te Demores! Mas O Que ' Isto? N'O Chores! Que Vale Um Pai?... Quasi Nada! '--Misericordia, Madrinha! N'O Falle Assim Que Enlouque'O! Meu Deus! Qual Foi O Meu Crime Que Tal Castigo Mere'O?! --Teu Crime ' N'O Ter Juizo.... E Sabes O Que ' Preciso? ': Pedir A Deus Perd'O. Limpa Esses Olhos, Menina! A Gente Assim Se Amofina; Tu Choras Sem Ter Ras'O! '--Mas Elle Est' Mal Commigo E Meu Pai Nem O Quer Ver! --Cala A Boca, Te Prometto Que Tudo Se Ha-De Fazer. Socega, Filha: Descan'A, Se Ainda Tens Confian'A Na Tua Velha Madrinha! Amanh' Em Santa Paz Tudo Se Arranja E Se Faz; Vae Dormir, Minha Louquinha?' Xxiii Margarida Radiante Da Alegria Que Sentia Renascer No Cora''O, Abra'Ava Com Transporte Aquella Amiga E Cobria De Mil Beijos Sua M'O. Canto Segundo I Oh Tu Quem Quer Que Sejas, Meu Leitor, Attende Ao Que Te Digo: A Ti O Auctor Come'A Por Te Dar Os Parabens Da Somma De Pachorra Que Tu Tens, Se Leste Esse Arremedo De Poesia Sem Arte, Sal, Perfumes E Harmonia, Que P'Ra Ahi Rabisquei Sem Tom Nem Som. J' Vejo Que 'S Rapaz Prudente E Bom... Desculpa O Tratamento... As Etiquetas Exigem Luva Branca E Roupas Pretas; Mas Isto ' Muito Bom P'Ra Deputados, Que Vivem Simplesmente De Apoiados E Gastam Excellencia A Tres Por Dois... Coitados! S'O Mal Pagos... E Depois Sujeitos A Caprichos De Ministros.... 'S Vezes Trazem Rostos T'O Sinistros, Que Chego A Ter De V'Ras Compaix'O... Mas Dizem Que S'O Filhos Da Elei''O?! A Culpa ' Ent'O Da M'I Que Os Deu ' Luz, Que Tinha Atraz Da Porta Aquella Cruz, Envolta N'Um Programma E Mil Projectos P'Ra Os Hombros Dos Filhotes Mais Dilectos!... S' Franco, Meu Leitor, Se Estou Massando, Arr'Lho A Discuss'O E Vou Tratando Do Resto D'Esta Historia Que Encetei... Palavra, Que N'O Sei Onde Fiquei... Mas... Eu Te Escrevo Em Mangas De Camisa; N'O Olhes P'Ra O Meu Trage... Quem Precisa Pendura Com Cuidado O Paletot, Depois De Sacudir-Lhe Bem O P', E Fica Assim ' Fresca Muito Bem. Quem Poupa, Meu Amigo, Sempre Tem! N'O Achas Que ' Verdade, ' Magan'O? Pois Folgo Com A Tua Opini'O. As Cousas Andam M'S, Tudo Est' Caro! O Cobre, Santo Deus! Anda T'O Raro!... Ao Menos L' Por Casa ' Uma Desgra'A! Por Mais Que Se Trabalhe Ou Que Se Fa'A, Por Mais Que Se Amofine Uma Pessoa, Vem Sempre A Dar Na Mesma, ' Sempre ' T'A, Fallemos N'Outra Cousa, As Digress'Es Arredam Sempre O Fio 'S Discuss'Es. Entremos Na Materia Francamente, Vejamos O Que ' Feito Desta Gente. Ii O Dia Amanheceu Bastante Frio. No Ch'O, Sobre Os Sof'S E Nas Cadeiras Dormiam Somno Solto Os Convidados, Em Duzias De Colch'Es E Mil Esteiras. O Nosso Fazendeiro Acordou C'Do, E Poz As Cosinheiras Logo Em P'; Sentou-Se Na Varanda Lendo As Folhas ' Espera Que Trouxessem-Lhe O Caf'. Iii '--Ora Bom Dia, _Seu_ Pedro! --Bom Dia, Sr. Medeiros! --Ainda O Fazia Dormindo E Vejo Que ' Dos Primeiros!... 'Ent'O Estranhou A Cama? Passou Mal, N'O ' Verdade? --N'O, Senhor! Pelo Contrario, Perfeitamente ' Vontade. '--Li Agora Na _Gazeta_ Um Facto Bem Curioso! Um Sujeito, Um Estrangeiro... Mas Que Homem Ardiloso! 'Engole Uma Espada Inteira! Que Barriga! Ave Maria! --Mas ' Serio?--Oh! Se O N'O Fosse A Folha N'O O Diria... 'O Que ' Isto?! Onde Se Atira J' De Esporas? Onde Vai?! --Vou... Eu Ia At' L' Embaixo. --N'O, Senhor, Hoje, N'O Sahe. '--Mas Escute, _Seu_ Medeiros... --N'O Escuto, N'O Senhor; J' Queria P'R-Se Ao Fresco? Enganou-Se, Meu Amor! '' Homem, 'Stou Te Estranhando! Voc' Que ' T'O Pagodeiro! --Eu Ia V'R Se L' Embaixo Recebia Hoje Dinheiro... '--Qual Dinheiro, Qual Historia! Eu Bem Sei O Que Isto '!... Sabes Que Mais, Pucha Um Banco E Vamos Tomar Caf'. '--J' Que De Todo ' Preciso Vou Lhe Fallar Francamente... --Pois Desembucha, Rapaz, Fallando Se Entende A Gente. Iv '--O Senhor Bem Me Conhece... N'O Sou Homem De Quest'Es, Nem Ando Brigando ' T'A Por Qualquer Duas Raz'Es; Mas Hontem Foi Desaforo! O Sujeito De Namoro Co'A Minha Noiva, E Eu Ali! Isto N'O ' Fazer Pouco?... Parti C'Go Como Um Louco... Nem Sei Bem O Que Senti... 'Eu Vinha De Orelha Em P' Ouvindo O Palavreado! N'O Sei O Que... De Epitaphios... E D'Ahi Por Um Bocado, Agarrou-Lhe Por Um Bra'O E Quiz Lhe Dar Um Abra'O, No Momento Em Que Cheguei! Fiquei Damnado Da Vida! E Co'A Cabe'A Perdida, Por Milagre O N'O Matei!... 'Depois... N'O Ouvi Mais Nada... Todo Este Povo A Gritar... Ouvi O Senhor Fallando, Quando Nos Veio Apartar... Mas Estou Incommodado Do Negocio Se Ter Dado N'Uma Casa Que Eu Respeito... Em Outro Qualquer Logar, N'O Me Importava Brigar At' Um Ficar Desfeito!... '--Tudo Isso Nada Vale! N'O Penses Nisto, Rapaz.... S'O Cousas Que A Gente Mo'A Mais Ou Menos Sempre Faz. --N'O, Senhor, Eu Bem Conhe'O Que Isto ' M'U; Mas O Que Pe'O ' Que Queira Perdoar... 'S Vezes L' Vem Um Dia... E A Gente Est' De _Arrelia_, N'O Se P'De Dominar... '--Vamos Fallar De Outra Cousa, Isto ' Pura Crian'Ada... Que Fizeste ' Margarida?! --Quando?--Hontem!--N'O Fiz Nada! --Pois Olha, Metteu-Me Pena V'R A Pobre Da Pequena Chorando, N'O Sei Porque... --Ella Chorou? Mas Que Tinha? --N'O Sei, Fallou Co'A Madrinha E A Respeito De Voc'. '--A Meu Respeito?! E Que Disse?! --Como J' Estavas Zangado, Disseste-Lhe Alguma Cousa... E Te Excedeste Um Bocado... --Eu, Meu Deus?! Ainda Mais Esta! Vejam S' Que B'A Festa! Que S. Jo'O Tenho Eu!... E Tudo, Veja O Senhor, Por Causa Desse Impostor, Desse Barbas De Judeu! '' Uma Nuvem Passageira... N'O Te D' Isso Cuidado; Voc'S Fazem Logo As Pazes E Est' O Negocio Acabado. Falla Tambem Co'O Sim'O... O Velhote Tem Raz'O De Estar Massado Comtigo... Foste Offender Ao Coitado, Que Ficou Bem Magoado; Mas O Velho ' Teu Amigo.' V Vinha Chegando Alguem E Esta Conversa Ficou Neste Logar Interrompida; V'O Pouco A Pouco Erguendo-Se As Visitas, Renova-Se O Prazer, Renasce A Vida. Estava Tudo Em P'; Por'M O Juca? Estava Ainda No Quarto, Ainda Dormia? '--' Senhor! V'O Acordal-O, J' ' Tarde E Basta De Dormir: ' Meio Dia.' A Mesa Estava Posta, E O Fazendeiro, Que O N'O Vira Des Que O Dia Amanheceu, Abre A Porta E S' Encontra Sobre A Mesa Uma Carta P'Ra Si, Que Abriu E Leu: Vi '_Meu Caro Sr. Medeiros: Vou P'Ra C'Rte No Trem Mixto Que Sahe D'Aqui A Uma Hora. Desculpe, Se Fa'O Isto Sem Lhe Ter Agradecido O Seu Bom Acolhimento; Mas Pode Estar Convencido De Que No Meu Cora''O, P'Ra Com Vossa Senhoria Fica Eterna Gratid'O. Se F'R ' C'Rte Algum Dia Contar-Lhe-Hei Como Foi A Quest'O. N'O Tive A Culpa; O Que Lhe Pe'O ' Desculpa Pelo Modo Desairoso, Porque Saio Da Fazenda. Vou Bem Triste E Pesaroso Por Causa D'Essa Contenda, Que N'O Julguei Provocar. S'O Horas De Me Ir Embora... Recommende-Me ' Senhora De Quem Parto Penhorado. Adeus, Aceite Um Abra'O Do Seu Amigo E Criado... Jos' De Souza Caba'O._' Vii Medeiros Releu A Carta, Dobrou-A, Poz Na Algibeira E Disse Com Seus Bot'Es: '--Ora Ahi Tem A Brincadeira! 'Um Ficou Todo Mordido! O Outro--Todo Esfolado!... Qualquer Dos Dois, De Juizo N'O Tem Sequer Um Bocado! 'Que Dois Malucos De For'A! Valha-Me A Virgem E O Christo! Qual Dos Dois Ter' Raz'O?...' E Sahio Pensando Nisto. .............................. .............................. .............................. .............................. Viii E Os Donos Da Casa Empenhados Em Fazer A Reconcilia''O Conversavam Co'Os Noivos E O Velho, Num Cantinho Do Grande Sal'O. Houve Protestos, Desculpas, Suspiros, Explica''Es; E Afinal L' Se Entenderam Com Muito Boas Raz'Es... .............................. .............................. .............................. .............................. Ix '--Vamos P'Ra Mesa, Senhores, Que O Almo'O Est' Esfriando! Deixemos As Ceremonias! Cada Um V' Se Sentando. 'Falta Aqui Um Guardanapo... Olympia, Manda Buscar... Quem Quer Leit'O Recheiado Levante Um Dedo P'Ra O Ar. X 'Senhores, Disse O Bom Joaquim Medeiros, (E Tudo Se Callou Para Escutar) Eu Tenho Uma Noticia De Importancia, Que Quero A Todos V'S Communicar. 'Ali Minha Afilhada Margarida, Se Bem Que Me Escondesse Agora O Rosto, Vae Com Pedro, O Patusco, Felizardo! Casar-Se P'Ra Meado Ou Fins De Agosto. 'E Como Eu Sou Padrinho Do Casorio, Que Ha De Effectuar-Se Na Fazenda, Convido A Todos V'S Para Assistirdes Ao N' Que N'O Tem Pontas, Nem Se Emenda. 'E Aqui O _Seu_ Vigario, Que ' De Casa, Aprompta A Papellada N'Um Momento, E Ha De Me Amarrar Estes Pombinhos Benzendo-Lhes Os Anneis Do Casamento. 'Bebamos, Pois, Dos Noivos ' Saude! Senhores, A Saude ' Feita Em P'! Hurrah! Ip! Ip! Hurrah! Vivam Os Noivos! A Coisa ' De Virar, Ip! Bangu'!' Xi Sim'O Ergueu-Se A Custo, E Commovido Fallou Desta Maneira Aos Assistentes: '--Senhores, Quando A Alegria Nos Afoga O Cora''O, N'O Ha Palavras Que A Digam, Falta-Nos Toda A Express'O! Choramos Quando Soffremos, Quando Gosamos, Sorrimos, Mas O Riso N'O Exprime O Que N'Alma N'S Sentimos. 'Assim 'Stou Eu; Bem Quizera Dizer-Vos Neste Momento Tudo, Tudo Quanto Sinto, Qual ' O Meu Contentamento, 'Mas N'O Posso, Porque ' Tanta A Minha Felicidade, Que Mais Me Parece Um Sonho, Que Pura Realidade! 'E Sabeis A Quem A Devo? A Quem Posso Agradecer? Quem ' Que Em Duas Palavras Me Embriaga De Prazer?! '' Aqui A M'I Dos Pobres E O Meu Compadre Medeiros! Este Grande Cora''O! A Nata Dos Fazendeiros! '' Saude, Pois, D'Aquelles Que N'O Tem Ostenta''O, Quando Afogam Na Alegria Um Mirrado Corra''O!' E Todos Gritavam Co'Os Copos Erguidos Dos Donos Da Casa, Bebendo ' Saude: 'Que Deus Lhes D' Vida, Que Deus Os Conserve P'Ra Auxilio Dos Pobres, P'Ra Amparo ' Virtude.' .............................. .............................. .............................. .............................. Passados Oito Dias De Prazer, Oito Dias De Festa E De Alegria, V'O Indo Pouco A Pouco Os Convidados Saudosos, P'Ra O Lidar De Cada Dia. Canto Terceiro I Os Peralvilhos Da C'Rte, Ou Cidades Principaes, Todos Querem Ser Poetas, Todos Fazem Madrigaes Quando Est'O Apaixonados. Em Versos Estropiados, Alguns Que Tem Legoa E Tanto, A Pobre Da Musa S'A, Suspirando ' Luz Da Lua Em Cada Suspiro Um Canto! Aquelles Que Nem A Tiro Se Lhes Abre A Cachimonia, Assignam Versos Roubados Com Toda A Sem Ceremonia! N'O Fazem Quest'O De Auctor... Querem Provar Seu Amor ' Deidade Que Os Inspira? L' V'O Direitos ' Estante, E D'Ali Por Um Instante Geme E Canta A Alheia Lyra. S'O Estes Os Commodistas E Os Que Tem Mais Raz'O... P'Ra Que Quebrar-Se A Cabe'A Se Ha Versos Em Profus'O?! ' Obra Feita, ' Verdade: Mas Escolhe-Se ' Vontade Onde Ha Tanto P'Ra Escolher... L' Vai A Amostra Do Panno Que Um Typo Fez Por Engano, Por N'O Ter Tempo A Perder: Ii Oh! Virgem Pura De Meus Sonhos Lindos, Lyrio Mimoso Dos Jardins Dos C'Us! Escuta O Bardo Descantando Amores Louco, Inspirado Nesses Olhos Teus! Escuta As Notas Que Desprende A Lyra Embevecida Neste Amor Sublime; Nestes Accordes, Muito Embora Rudes, S' A Verdade O Meu Cantar Exprime. Tu 'S A Fonte Inexhaurivel, Pura, Onde A Minh'Alma Vae A F' Beber, Symbolo Da Cren'A, De Esperan'As F'Co, Livro
No favourite Poem yet! Login To View And Add to Favourites



